21/05/2012

Ex-ministro da Agricultura critica 'radicalização' de ruralistas

Reinhold Stephanes prevê veto de Dilma Rousseff a dois pontos do Código Florestal aprovado na Câmara, dá razão à presidenta, mas cobra diálogo com deputados

Brasília (20/05/2012) - Ministro da Agricultura entre 2007 e 2010, Reinhold Stephanes aguarda o veto de Dilma Rousseff a dois pontos do Código Florestal aprovado em abril pela Câmara. Na semana que entra, até sexta-feira (25), a presidenta terá de definir quais pontos serão alvo do dispositivo constitucional que lhe permite barrar pontos votados no Legislativo. Hoje deputado pelo PSD do Paraná, ele entende que será vetada a redução das Áreas de Preservação Permanente (APPs) às margens de rios. “Saiu da Câmara de forma incompleta, ou seja, dá todos os argumentos para ela vetar”, afirma, acrescentando que Dilma tampouco deixará nas mãos dos estados a definição dos Planos de Regularização Ambiental para quem desmatou além dos limites permitidos pela atual legislação. Stephanes critica a “radicalização” dos integrantes da bancada do agronegócio e adianta que o Congresso não vai tolerar qualquer mudança que possa afetar a produção. “Pelo jeito, está radicalizando cada vez mais e acho que vai manter essa posição.” Em entrevista à Rede Brasil Atual essa semana, em seu gabinete na Câmara dos Deputados, em Brasília, Stephanes cobrou ainda diálogo do governo federal com a base aliada e minimizou os novos projetos apresentados pela bancada ruralista na tentativa de se antecipar a um possível veto de Dilma.
 O senhor se reuniu com a presidenta e com a liderança do governo na Câmara. Existe algum indicativo de que a presidenta vá vetar o Código? Eu posso opinar pela lógica. Essa opinião é baseada nas conversas anteriores com a ministra Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, e em conversas também passadas com a presidente Dilma, que de uma forma ou de outra conhece esse assunto. A ministra Izabella, numa das últimas conversas, usou no final uma frase dizendo que a própria presidente já disse que não quer expulsar ninguém do campo. A ideia não é essa. A ideia é encontrar formas que você plante, tenha sustentabilidade e tenha preservação do meio ambiente, compatibilizando essas três questões. Produzir com sustentabilidade é unificar num único ponto. Sustentabilidade é uma questão que todos nós perseguimos, até porque ela é lucrativa e importante. A conservação do meio ambiente tem que ser compatibilizada, embora isso não seja tão fácil, porque quando você conceitua o meio ambiente como biodiversidade, fica um pouco mais complicado. Se você conceitua só para proteger rios e águas, é diferente do que você incluir nesse conceito de biodiversidade. Em síntese, eu entendo que a presidente tem que ter bom senso e até mais bom senso do que se teve na Câmara ao se rejeitar o projeto do Senado. Quando digo rejeitar o projeto do Senado, estou dizendo naquilo que são os pontos básicos que estão em discussão, que são as questões das APPs. Porque existe uma lógica de se ter uma boa lei que compatibiliza essa situação, e por outro lado, eu diria, uma quase que radicalização na Câmara em relação ao assunto. Ou seja, qualquer projeto de lei que não tenha uma razoabilidade, ele não vai passar. A Câmara está cada vez numa posição de maior rejeição a mudanças que venham afetar a produção.

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