24/02/2010

Cocaína 'rouba' espaço da maconha no Brasil

As apreensões de cocaína no Brasil vêm aumentando consideravelmente nos últimos anos e mais do que dobraram desde o início da década, segundo informa um relatório divulgado nesta quarta-feira pela Organização das Nações Unidas (ONU).

O documento da Junta Internacional Fiscalizadora de Entorpecentes (Jife) indica que as apreensões de cocaína no Brasil totalizaram 19,7 toneladas em 2008, um aumento de cerca de 15% em relação ao ano anterior.

As apreensões de maconha no Brasil, por outro lado, tiveram uma pequena queda em 2008, segundo o relatório da Jife. Naquele ano, o Brasil apreendeu 187,1 toneladas da droga, contra 199 toneladas no ano anterior.

A quantidade de cocaína apreendida pelo Brasil mais do que dobrou em relação a 2001, o primeiro ano com estatísticas disponíveis. Naquele ano, foram apreendidos pelo país 8,3 toneladas da droga.

No mesmo período, as apreensões de cocaína no México, país com perfil semelhante ao do Brasil (ambos são países utilizados para o trânsito da droga entre os países produtores e consumidores, mas também têm um mercado consumidor interno), teve uma queda de 30 toneladas apreendidas em 2001 para 19,3 toneladas em 2008.

O relatório da Jife afirma que "as fronteiras permeáveis e longas áreas costeiras na América do Sul são um desafio para as autoridades de controle do tráfico de drogas na região".

Segundo o documento, em toda a região houve "um aumento no uso de aeronaves leves com números de registro falsos ou roubados, operando em pistas de pouso pequenas e privadas, em áreas remotas, para transportar cocaína".

Segundo o documento, cerca de metade da cocaína apreendida pelo Brasil em 2008 havia sido traficada por rotas aéreas.

A Jife também relata um aumento no uso das chamadas "mulas" (pessoas que transportam a droga no próprio corpo) e do transporte da cocaína dissolvida em líquidos.

Diversificação

O relatório da ONU adverte ainda para a "diversificação" verificada nos negócios das organizações criminosas dedicadas ao tráfico de drogas na América do Sul.

Segundo a Jife, essas organizações "parecem estar se expandindo para áreas de atividade ilícita não previamente associadas aos problemas com drogas na região".

A organização afirma ter verificado em vários países da região tentativas de desviar substâncias utilizadas para a fabricação de estimulantes do tipo anfetamina, como o ecstasy.

Em 2008, foram registrados os primeiros desmantelamentos de laboratórios ilegais para a fabricação de ecstasy na região, na Argentina e no Brasil.

Após o fechamento de um laboratório e a apreensão recorde de 132 mil unidades de ecstasy no Brasil em 2008, um novo laboratório foi localizado e fechado no país no ano passado.

Para a Jife, a América do Sul, que já era considerada uma das grandes áreas de destino do ecstasy produzido principalmente na Europa e na América do Norte, está se tornando também uma grande produtora da droga.

"Segundo o último relatório da Organização Mundial Alfandegária, em 2008 foram registradas apreensões de ecstasy originário do Brasil, do Chile e do Suriname na Holanda e na Suécia", afirma o relatório.

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